Conheça Mônica Santos, a esgrimista paralímpica que ficou paraplégica após descobrir tumor e manter gravidez

  • 04/09/2024
(Foto: Reprodução)
'Eu disse para o doutor: eu só quero uma cadeira de rodas para poder viver a minha vida e poder cuidar da minha filha', conta atleta. 22 anos depois, ela disputa nas Paralimpíadas de Paris. Condição na medula não permite o movimento dos membros inferiores. A esgrimista paralímpica Mônica Santos Arquivo pessoal Acordar e não conseguir mais mexer as pernas. Foi isso o que aconteceu com a atleta Mônica Santos, no auge da juventude, aos 19 anos, em 2002. Natural de Santo Antônio da Patrulha, foi para um hospital em Porto Alegre entender o que estava acontecendo com o seu corpo. Surpreendentemente, a primeira notícia foi uma das melhores que já recebeu em sua vida: estava com cinco semanas de gestação. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp Após três meses de investigações no hospital, Mônica descobriu um angioma medular de nascença, que se manifestou a partir da gestação. Essa condição, uma lesão que pressiona a medula, impedindo a passagem de impulsos nervosos, se tornaria um fator determinante para sua participação nos Jogos Paralímpicos (entenda abaixo). Teria que interromper a gestação para poder fazer a cirurgia e voltar a andar. Nas estatísticas dos médicos, até o quinto mês, tanto eu como a nenê, viríamos a óbito pela evolução desse angioma, mas dentro de mim não tinha essa opção, eu queria muito engravidar", conta Mônica. Com a orientação de repouso absoluto para levar a gestação o mais longe possível, Mônica, hoje com 41 anos, voltou para casa sem poder andar. O retorno ao hospital aconteceu quando estava com oito meses de gestação, e ela deu à luz a filha Paola por meio de uma cesariana sob anestesia geral. A esgrimista paralímpica Mônica Santos com a filha Arquivo pessoal Até então, Mônica afirma que ainda não tinha passado pela parte mais difícil. O momento aconteceu quando Paola completou um mês de vida e a mãe precisou fazer o desmame para submeter-se a uma cirurgia, correndo risco de vida ou de ficar tetraplégica, ou seja, sem mexer o corpo do pescoço para baixo. "Foi a parte mais difícil: entregar a minha filha para a minha mãe e para o meu marido, sabendo que eu não voltaria a pegar ela mais nos braços", relembra Mônica. Da periferia de Porto Alegre aos Jogos Paralímpicos em Paris: conheça Vanderson Chaves, o esgrimista em cadeira de rodas A cirurgia durou 12 horas e então o diagnóstico: paraplegia, ou seja, paralisia na parte inferior do corpo. Apesar das adversidades, para Mônica, foi uma "felicidade só". "Eu disse para o doutor 'eu só quero uma cadeira de rodas para poder viver a minha vida e poder cuidar da minha filha'", conta. A esgrimista paralímpica Mônica Santos com a filha Arquivo pessoal História com a esgrima Foi quando Paola completou cinco anos que Mônica decidiu explorar esportes adaptados como uma forma de encontrar uma válvula de escape. Inicialmente, ela praticou basquete em cadeira de rodas por três anos, onde conheceu Giovanni Gissoni, campeão paralímpico de esgrima que usava o basquete para aprimorar sua forma física para a esgrima. "No basquete não tinha meninas, só meninos, e aí ele (Gissoni) disse 'Mônica, por que tu não experimenta esgrima? Lá tem duas meninas'. Daí eu disse 'vou lá experimentar um dia'", relembra. Incentivada por Gissoni, Mônica experimentou a esgrima e, em apenas 20 dias de treinamento, conquistou uma medalha de terceiro lugar na Copa Brasil, sucesso inicial que a levou a integrar a Seleção Brasileira de Esgrima, onde permanece até hoje. "Mesmo com toda a transformação da minha vida com 19 anos de me tornar mãe e cadeirante eu escolho todos os dias ser feliz. Eu não encontro barreiras para não escolher ser feliz todos os dias", confessa Mônica. A esgrimista paralímpica Mônica Santos Arquivo pessoal Paris 2024 A trajetória de Mônica nas Paralimpíadas começou em 2016, no Rio de Janeiro, e continuou em Tóquio 2021. Agora, em Paris 2024, a esgrimista busca a sua primeira medalha paralímpica. Mônica Santos, que compete nos Jogos Paralímpicos pelo Grêmio Náutico União, ainda participa nas seguintes datas: 4 de setembro - florete B individual feminino - a partir das 4h 5 de setembro - florete feminino por equipes - a partir das 5h 6 de setembro - espada B individual feminino - a partir das 4h 7 de setembro - espada feminino por equipes - a partir das 5h Para a atleta, um dos momentos mais marcantes de sua carreira foi a conquista da primeira medalha de ouro internacional, um feito alcançado em um período particularmente difícil de sua vida. "Eu recente tinha perdido a minha mãe, e estava concorrendo a vaga das Paralimpíadas do Rio. Se eu ganhasse o primeiro lugar no Regional das Américas, eu ganharia a vaga das Paralimpíadas do Rio sem precisar estar correndo todo o ano viajando e entrando em outros quadros", explica a atleta. A esgrimista paralímpica Mônica Santos com a filha após primeira medalha de ouro internacional Arquivo pessoal Ela ainda compartilha que o segredo para lidar com a pressão das competições é manter o foco em seu objetivo e se preparar meticulosamente. Mônica conta que visualiza e estuda seus adversários para estar sempre bem preparada. "Entrar em pista focada toque por toque, ação por ação, estudar os adversários, chegar ali preparado. Para mim, o principal é chegar ali preparada, fazendo tudo que eu tive que fazer antes de chegar ali. Sempre me faço essa pergunta: 'tem algum lugar que eu queria estar além daqui que eu estou?' Não, então eu vou dar o meu melhor naquele dia", conta a esgrimista. VÍDEOS: Tudo sobre o RS

FONTE: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2024/09/04/conheca-monica-santos-a-esgrimista-paralimpica-que-ficou-paraplegica-apos-descobrir-tumor-e-manter-gravidez.ghtml


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